sábado, 18 de agosto de 2012

Rumo ao norte da Califórnia


                                            Bem-vindo!!!



Bom... Começo com um especial agradecimento a minha esposa Juliana. Ela ajudou a planejar a viagem, e também me ajudou várias vezes com reservas de hotel, e outras coisas.

Espero que o texto do blog seja agradável. Tem um tempinho para ler? Está no metrô olhando para os lados e com seu celular procurando algo a fazer? Então, aproveite e perca um tempinho lendo o blog. Tentarei descrever de uma forma descontraída o passeio de moto pela Califórnia. Tentei colocar algumas fotos e relatos. Tenho mais fotos, porém muitas parecidas, então tentei selecionar as que mais gostei.

Há... o principal da leitura. Já ia me esquecendo... Escute um rock n´roll durante a leitura. Faz favor né! J Está no ônibus? Para isso existem os fones de ouvido! Está em casa? Aumenta o som ae! Ah tá.. uma sugestão? Creedence Clearwater Revival. Não tem cd do Creedence? Sem problemas. Entra no youtube e digita Creedence play list. Pronto. Vai tocar uma música do Creedence atrás da outra.

Vou relatar minha viagem por algumas cidades da Califórnia. Foram dois finais de semana. Estava hospedado em San Francisco com o proposito de estudar durante a semana, portanto, para mim, somente na sexta-feira era possível  alugar uma moto e devolvê-la no domingo.

Sei que muitos já viajaram de moto milhares de quilômetros EUA a fora, mas para mim, rodar  1000km de moto na Califórnia foi muito especial. Alguns motivos que fizeram desta viagem muito especial foram:

-Minha primeira vez nos EUA, e Califórnia.
-Viajei sozinho. Não estou acostumado a viajar sozinho.
-Tinha as reservas do hotel, portanto sabia onde iria dormir, porém o caminho não estava 100% traçado.
-O principal: toda viagem é especial. Basta saber aproveitar!

Pronto para a viagem?

Fiz a divisão em suas partes.

Neste post vamos a primeira parte que aconteceu no primeiro final de semana.

Ficava reparando no trânsito de San Francisco para ver se tinha muita diferença do trânsito de São Paulo. Tem, e muito. Lá, as pessoas respeitam muito mais os ciclistas, pedestres, e motociclistas. Tinha lido um pouco, mas não sabia como funcionava exatamente nas estradas da Califórnia.

Detalhe: agosto é alta temporada. Acabei não reservando uma Fat Boy com muita antecedência, portanto não tinha GPS disponível. Vou falar que foi um balde de água fria. Como eu viajaria em outros pais sem GPS. Perco-me até no bairro onde moro..rsrs... Meu celular é um dublê de Smartfone, ou seja, meu celular também não tem GPS. É um Nokia meio tabajara. Portanto eu tinha 3 opções. 1. Comprar um GPS para moto e instalar na hora da locação; 2. Comprar um smartfone com GPS, ou não comprar nada e ir assim mesmo. Devido aos meus planos e gastos, revolvi ir sem nada mesmo. Resolvi que pegaria estrada sem GPS, assim mesmo. Pensei comigo “ ...e quando não existia GPS? Ninguém viajava?” Então pensei, vai sem GPS mesmo.

Durante a semana fiz uns mapas com a ajuda do Google Mapas. Ajudou muito, pois além de fazer um mapa em um verdadeiro “papel de pão”, eu pude marcar a distância de cada local ao destino.

Sexta-feira (04 de agosto de 2012)

Levei minha roupa com proteção (jaqueta e calça), luvas, protetor de pescoço, e botas de São Paulo. Coloquei tudo na mala e fui estudar na sexta-feira. Saí da escola ao meio-dia, comi um sanduiche, peguei o metrô e fui correndo para a locadora de motos.

O pessoal da locadora Eagle Rider é muito atencioso. Explicaram todo o funcionamento da Fat Boy. Perguntei dos documentos da moto, pois havia somente um papel no alforje. Pelo que eu entendi, caso a policia parasse a moto, eles já saberiam que a moto era alugada, de acordo com o registro da placa. Bom, pelo menos foi isso que entendi. Fui sossegado só com o papel no alforje.

Quando liguei a Fat Boy  e senti as 1600cc, abri aquele sorrisão no rosto. Um cara que passava na rua percebeu meu sorriso. Ele acenou e disse mais ou menos assim “hehehe... it´s Harley, good trip”. A moto veio com 2 alforjes e tanque cheio, ou seja, é só encher os alforjes, ajustar a roupa e sair para a estrada.

Saí da Eagle Rider andando bem devagar até acostumar com a moto. Incrível, mas depois de umas 5 quadras, já estava acostumando com o peso da Fat Boy, e com o conforto. Pude constatar o que pensava, o pessoal respeita muito o pessoal de moto em San Francisco. Na cidade é um sobe e desce e muita gente de bicicleta pela cidade.

Bom.. adorei a Harley Davidson Fat Boy. A moto anda muito bem, respostas rápidas, conforto. Gostei bastante mesmo. Excelente moto!

Rumo à Golden Gate Bridge.

Acreditem, há um baita trânsito até chegar à ponte. Quando pude avistar a ponte, confesso que gritei “uau!!” Sei que é apenas uma construção de uma ponte, mas é linda, linda mesmo. Quando passava pela ponte eu pensava, “putz..só com esse visual  a viagem já está garantida”. Ao lado da ponte muitos turistas de bicicleta, e muitas fotos. Inclusive percebi que alguns turistas tiravam fotos da Harley andando na ponte.
Há.. fez muuuito frio na ponte. Ainda bem que estava com roupas adequadas. Com certeza menos de 10 graus.

Detalhe: muito trânsito na ponte. Os carros respeitam muito as motos. Álias, há respeito mutuo. Ninguém “colava” o carro na traseira da moto, e nem de outros carros. O pessoal deixa um espaço considerável entre um carro e uma moto.

Uma foto que tirei próximo a ponte:
























Sausalito

Passada a Golden Gate Bridge, uma parada rápida em Salsalito. Já estacionei a moto e fui tomar um café. Que sensação maravilhosa. Pilotei alguns quilômetros pela cidade litorânea de Salsalito. Na Bridgeway Avenue ficam vários restaurantes, cafés, lojas, etc. Na estrada, ali em diante haviam várias sítios, adegas, pomares. Hehe.. pilotando a moto eu sentia cheiro de vinho... muito bom.

Rumo a Santa Rosa

Como tinha muitas dúvidas em quantos kilometros eu percorreria durante o dia, e também tinha noção que sairia com a moto da locadora depois das 2 da tarde, revolvi que a noite de sexta para sábado eu passaria em Santa Rosa.

Percebi que fiz a coisa certa, pois havia muito trânsito na estrada. Na alta temporada, muitos americanos saem com seus trailers pelas estradas. Vi uns trailers gigantes na estrada. Haviam vários deles. Alguns trailers puxavam um veículo pequeno. Segundo um colega meu, o Enrique, que morou nos EUA, alguns lugares não se pode entrar com os trailers, então o pessoal estaciona o trailer e entra na cidade com carros menores.

Cheguei ao hotel e tinha um casal estacionando as motos, cada um com sua moto, e também iriam pernoitar no hotel. Conversei um pouco com eles. Super simpáticos. Expliquei que a Fat Boy era alugada e que morava no Brasil. Desejaram uma ótima viajem a mim, e também desejaram muito boas vindas ao EUA. Depois do check-in no hotel, deixei minhas coisas e sai para jantar em um restaurante próximo.


Logo na primeira parada pude constar uma coisa muito interessante na Califória/EUA. Tanto nos postos de gasolina, como nos hóteis, e restaurantes, eles tratam muito bem quem chega de moto. Eles sabem que a pessoa não é dali, e tentam atender da melhor forma possível. No restaurante, o próprio dono veio até mim com uma sobremesa. Eu falei a ele que não tinha pedido, porém ele disse “it´s free for foreign”. E era de graça mesmo, pois já tinha até pagado a comida quando fiz o pedido.



Sábado (05/08/2012):

Rumo a Fort Bragg

Acordei cedo. Bem cedo. Acordei antes de abrir o café da manhã. Então... Voltei a dormir e esperei abrir o café da manhã no hotel...hehehe.. 

Tomei meu café da manhã, conferi o mapa, e partir para Fort Bragg.

O GPS usado...






























Pude constatar um fato interessante. Para quem não vai andar muitos quilômetros no dia, não vale a pena sair muito cedo de moto, pelo menos no mês de setembro, em cidades próximas a San Francisco. A temperatura até às 8h da manhã mais ou menos era muito baixa, e chegava a garoar levemente, ou seja, muito frio, e pista molhada para pilotar.

Pilotei alguns quilômetros pela 101, e entrei na 128. Aí sim eu vi vantagem. Pista de mão dupla, muitas árvores, muitas curvas, muitos sítios de produtores de vinho, pista impecável, sem buracos, e muito bem sinalizada. Álias, todas as pistas que andei eram muito bem sinalizadas, e não haviam buracos em nenhuma delas.

A 128 é fantástica. A estrada passa por vários vilarejos. Muitas lojas. É claro que parei em algumas para suco, café, lanche.. Detalhe, existiam placas de veados. Rodei mais devagar nesses trechos. Cheguei até a ver alguns veados.

Algumas fotos da rodovia 128:

Curvas:





















Muitas curvas:






























Posto de combustível na rodovia 128:




























Está chegando...


























Parada para abastecer o estômago:



Mais uma parada para descansar... maior frio e a galera entrando na água..


























Conhecendo o Oceano Pacífico:




























Parei em uma loja de pedras e suvenires. Segue a foto de um cara que tinha uma loja de pedras, e também um museu...






























Um museu?!?!!......um adesivo vermelho "censurado"... 





























Continuei na estrada e pude ver as grandes árvores do norte da Califórnia, são as sequóias.  São árvores milenares gigantescas que formam verdadeiros túneis naturais. Infelizmente não seu tempo de visitar a famosa arvore que foi perfurada e os carros (e motos) podem passar por dentro da árvore.

Muitos motociclistas na rodovia 128. Muitos mesmo. Um fato interessante é que praticamente todos se cumprimentam. Não importa o estilo de moto, ou cilindrada, o cumprimento era obrigatório. O braço esquerdo esticado na diagonal para baixo. Detalhe, muitas Harleys na estrada. Todas muito limpas. Muitas motos com guidão seca-suvaco e escapamento com barulho. Inclusive as maiorias dos guidões secas suvaco era bem grande mesmo, bem alto. Muita gente lá anda com o braço esticado.. 

Ah.. antes de continuar a leitura, uma questão. Como está a música? Rock n ´ll? Rock a billy? Hard rock? Blues? Ok... sem descupas. Aumente o som e continue a leitura :)

Já ia me esquecendo… em praticamente todas as paradas para abastecer, tirar fotos, tomar café e/ou fazer o número 1, sempre vinha alguém conversar sobre a moto. Quando eu falava que era brasileiro e que estava sozinho, a conversa rendia... como sempre, muito bem recebido. É incrível. Eu pensava que pelo fato de existir várias Harley Davidson pelas estradas  nos EUA, o pessoal local nem daria muita bola para moto, mas o que eu constatei é que o pessoal nativo pergunta muito de onde estava vindo, de onde é, etc. O fato da modelo alugada da Fat Boy ser um modelo recente um pouco diferente com poucos cromados, chamou a atenção de algumas pessoas que vieram conversar comigo a respeito disso. Engraçado, mas parece que muita gente lá tem muito respeito pela marca Harley Davidson.

Cheguei em Fort Bragg e me deparei com lindas praias, muitas motos, trailers, show o local. Percebi que havia me perdido um pouco do mapa que tinha feito. Precisava parar para almoçar, álias, parava tanto que nem sabia mais se estava almoçando, jantanto..rsrs..  sentia fome eu parava.. então no primeiro restaurante escrito  “wireless” na porta eu parei...

Eu no restaurante conferindo o Google Mapas para continuar viagem. J






















Rumo ao hotel em Point Arena 4.

Point Arena 4 fica próximo a Mendoncino.

Uma foto em Mendoncino:




















O hotel que reservei ficava bem no final de uma estradinha com vista para o Oceano Pacífico. Lindo local. Deem uma olhada abaixo onde fica o hotel.






















Não estou ganhando nada, mas vale a pena indicar o hotel: www.wharfmasters.com

Rodei pela famosa rodovia 1 e aproveitei o caminho maravilhoso da costa norte pacífica. Várias rochas gigantes de um lado, e do outro lado, o mar. Muitos locais legais para fotos. Seguem algumas:


Um fato interessante. A rodovia 1 é bem sinuosa, e muito bem sinalizada. Se tiver uma escrito que a próxima curva deve ser feita  a 20 milhas por hora, pode acreditar que é uma curva bem fechada. No Brasil é comum vários avisos de curva pegigosa, cuidado, etc. Lá não, era só o aviso de velocidade de 15, ou 20 milhas. 


Cheguei no hotel e fui muito bem recebido. O tiozão (um figura) comentou que a motoca não iria dormir no sereno. Tirou um carro da garagem e pediu que eu colocasse a moto na garagem. Olha o figura ae:





























Um fato legal. Chegaram 7 motos de um pessoal que tinham vindo da Flórida de moto. Todas Harley. Segundo eles, tinham rodado mais de 3000km já. Todos muito simpáticos. Seguem fotos:





























Detalhe: na foto acima eu já tinha chegado ao hotel e já estava com o meu uniforme de final de semana: camiseta, bermuda e chinelo.

O roteiro deles do dia seguinte era uma parte parecido com o meu, então eles me chamaram para acompanhar o grupo. Hummm... gosto muito de andar em grupo, mas decidi ir sozinho no dia seguinte, pois sabia que com certeza eu faria várias paradas para café, fotos, etc

Domingo (04 de agosto de 2012)

Café da manhã, e check-out do hotel.

No check-out do hotel fiz questão de tirar uma foto com o figura e a recepcionista do hotel.






















Rumo a Mountain View:

Após poucos quilômetros do hotel, peguei uma estrada que para mim é fantástica: Mountain View. Trata-se de 40km com poucas retas, muitas curvas, subidas, descidas por dentro de montanhas com grandes árvores.






















Detalhes do mapa acima: do lado esquerdo fica a rodovia "1". Do lado direito fica essa rodovia Mountain View. Percebam que há uma mata bem fechada ali com muuuitas curvas.. Fora os moradores que tem por ali, quase ninguém utiliza este caminho. A maioria utiliza a rodovia 128 (um pouco acima do mapa) para ir a direita do mapa.

Como sai cedo (8h30 da manhã) a pista na Mountain View estava molhada ainda, pois há muita névoa na pista. Como sei que o pneu original da Harley (D402) é muito ruim em pista molhada, tratei de diminuir a velocidade e aproveitar a paisagem. Putz.. um veado passou correndo a uns 5 metros em minha frente.

Após poucos quilômetros nesta estrada, o matagal começou a se formar e estava entrando em um dos lugares mais incríveis.

Considero o ápice da viagem. O sol estava chegando na floresta, o nevoeiro estava saindo. Bom.. explicar é difícil.. segue uma foto:


























Eu simplesmente parei a moto, desliguei e fiquei sentado quase meia hora ali. Praticamente não passava carro. Celular desligado (quando liguei, fiz um teste e ali não tinha sinal).

A sensação era de deslumbramento, como em poucas vezes consegui sentir, estando sozinho.

Nesta hora acho que estava respondido o porque viajar de moto. Ali não havia smartfone, e-mails, telejornal, cidade, problemas, nada. Apenas a moto, eu, e a máquina fotográfica e o cenário. Há.. tinham uns bichos também.. álias, vários... escutava o barulho deles. Tentar explicar a sensação de estar ali é em vão, pois não saberei explicar. A percepção com as coisas ali em volta muda. Sei lá, acho que é um estado de espírito. Fiquei um tempo sentado pensado na vida. Fiquei pensando como existem lugares lindos. Estava me sentindo um privilegiado por estar ali contemplando a natureza.

Mais uma foto da estrada com nevoeiro:



























A motoca:



























Uma foto em uma ponte que havia na estrada (agora já sem nevoeiro):



















Apesar do maravilhoso local... tinha que ligar a moto e continuar, pois a entrega da moto a locadora estava se aproximando.

Depois de sair da Mountain View, fiz questão de parar a moto e tirar uma foto do caminho percorrido.

Segue a foto:






















Ai dentro há 40km de estrada.

Voltei a 128, aquela estrada com as grandes árvores. Pronto estava voltando a San Francisco.

Off: eu em uma loja de chapéu. 






























Tinha que decidir voltar pela Bay Bridge, ou pela Golden Gate. Decidi pela Golden Gate Bridge. Pela segunda vez estava na ponte. Era um “caraca” (na verdade não era bem isso que eu falava) atrás do outro.

Após a ponte já estamos em San Francisco. Portanto tinha a missão de encontrar a loja para devolver a Fat Boy. Confesso que me perdi um pouco, mas encontrei a loja. Putz. Hora de devolver a motoca. Um pouco mais de 600km percorridos e muita satisfação.

Ah.. segue uma foto da Senhora Tula. Fiquei hospedado em sua casa em South San Francisco. Essa senhora tem 80 anos! Sim, 80 anos... e escuta rock n ´roll todos os dias.



Penso que para quem tem interesse em alugar uma moto na Califórnia, mesmo por 2 ou 3 dias, vale muito a pena e dá para conhecer muitos lugares legais. Para mim foi uma viagem inesquecível. A locadora Eagle Rider http://www.eaglerider.com possui somente Harley-Davidson (e Shadow da Honda) para alugar em San Francisco, porém existem existem diversas outras empresas que alugam Harleys, e outros tipos de motos também. Existe inclusive a Apex Travel http://www.apextravel.com.br, no Brasil, que pode fazer a intermediação de uma locação.

Ah.. não ganho centavo algum pelos links acima.. coloquei somente para facilitar a quem tem interesse.

Espero que tenham gostado do relato! Obrigado por ter terem passado por aqui! Caso tenha algum comentário, fique à vontade.

Valeu!

No próximo post do blog vou fazer da segunda etapa da viagem, incluindo a visita ao aquário de Monterey.